quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Crianças

Estava refletindo sobre crianças... crianças com vidas normais, que têm a sorte desta vida normal.

Minha filha tem 9 anos, hoje é o primeiro dia de 2009.

Estava pensando no ato de brincar.  Quando os pequenos brincam, esquecem do mundo. Parece que não sentem frio, fome, nada que seja ruim.

Era por volta de 15 horas quando minha filha, após lavar sua boneca numa bacia d’água, saiu para brincar com a nova amiguinha, minha vizinha em São Paulo.

Minha filha mora com a avó em Ubatuba e como está em fase escolar, passa as férias comigo.

Acordamos tarde e no horário acima, fazia pouco tempo que tínhamos tomado um café. A pequena saiu, convidou a nova amiga e foram brincar na Vila.

Sumiu!!!!! No bom sentido: esqueceu de mim – a quem vive grudada quando não há ninguém de aproximadamente 1,20m perto- e sempre foi desta forma.

Parou só para irmos ao mercado. Ao voltarmos, a trouxe para dentro e falei para esperar, pois a comida estava quase pronta.

A pequena para enganar a fome, comeu um pão enquanto o restante da comida era preparado, conversou com a amiga através da varanda –que fica na parte superior da casa- e pediu para brincar novamente.

Foi.

Voltou para comer e uma chuva começou. Ficou mal humorada. Se ficou 20 minutos comigo foi muito. Saiu novamente e nem a chuva a fez voltar.

Ficaram “ilhadas” na casa ao lado da minha mas não queriam voltar para casa, dando desculpas de que dava para se proteger da chuva.

Deixei. Deixei não por parecer desnaturada - e aí começou minha reflexão. Complemento aqui que a elas se juntaram dois garotinhos, e pelo que vi, virou aquela guerrinha dos sexos que inicia-se na infância, depois ficaram amigos- mas por lembrar da minha infância e verificar as partes chatas das brincadeiras:

na melhor hora, os malas dos pais chamavam a gente para dentro (como era horrível, não podia ser eterno esse momento?);

se tinha chuva de verão, eu não podia me esbaldar.

Minha mãe nunca me deixou brincar na chuva, e se fizesse, apanhava. Não que isso tenha interferido em minha vida, não me transformei no monstro da montanha por não ter sentido a chuva de verão, mas...

Se hoje a Sofia saísse naquela chuva, eu deixava. Se precisássemos ir para um médico por causa de uma gripe, eu iria.

E foi por isso que deixei.

Pensei em como era bom estar com meus amigos, em como era bom brincar e em como eu queria ser criança para sempre. Não via graça em crescer. Não achava nada interessante ser independente, dona do meu nariz, a não ser que eu pudesse ser dona do meu nariz aos 09 anos e brincar para sempre, viver na Terra de Peter Pan!

Não a chamei para tomar café, não a chamei para colocar uma roupa mais quente ou tomar banho; deixei-a à vontade aproveitando ao menos um dia de suas férias.

Não serei a primeira mãe –ou pai- chata a chamar minha cria.

São 21:49 hrs e estão lá: sentados em frente à casa de uma das crianças, com uma mesinha, cadeirinhas e berros, muitos berros. Achei que estivessem chorando, mas estão brincando de chorar!!!!!!!!!! Choram, riem e berram!

Vejo que os vizinhos são pacientes, pois nenhum sai à porta e os manda calarem suas bocas. Eu é que não serei a estraga prazeres! Ainda mais num dia 01 de janeiro!