quarta-feira, 13 de junho de 2007

Ciúme entre meninas: menos ou mais forte do que as outras relações?






Sentimento é uma coisa engraçada... se analisarmos, ele não tem idade, não tem raça, cor, cultura, não tem nada dessas coisas que nós, seres humanos criamos.
Assim é também o sentimento entre meninas, especificadamente, o ciúme.
Esses dias estava me perguntando se o ciúme entre garotas é mais forte do que entre garotos, ou heterossexuais.

Se acreditarmos quem somos muito mais sentimento que os homens, isso pode ser possível, mas existe aquela “coisa” de que cada ser humano é diferente e que não dá para generalizar.

Há uns dias soube de um relato no mínimo curioso sobre duas meninas no Rio de Janeiro.

Uma delas, a vitima, digamos assim, recebeu pelo celular uma mensagem, talvez de uma amiga; a namorada queria ver a mensagem, porem a garota não deixou. Furiosa, a namorada foi aumentando a voz até gritar com a menina, que enfurecida, proibiu definitivamente desta ver a mensagem. O ciúme foi tanto que a namorada atirou o celular ao mar.

Além da atitude ser grotesca, foi constrangedora, visto que o casal estava num shopping e muita gente parou para olhar “o show”.

Curiosa com o fato, fui pesquisar sobre o assunto na internet e me deparei com mais uma cruz para o sexo feminino: a violência doméstica no relacionamento lésbico. Não que eu não imaginasse que existisse, mas nunca parei para pensar sobre isso.

Muitas vezes criticamos tanto os homens; em roda de amigas saem piadinhas de que mulher inteligente é mulher lésbica, pois escolhem outras mulheres como parceiras e não homens; se conversa tanto sobre essa questão do “macho” ser agressivo, e de repente, nos surge essa situação tão triste.

Já carregamos tantos problemas-preconceitos: primeiro por ser mulher, mais ainda por ser lésbica e agora outro, somando-se a tal quadro: violência doméstica entre mulheres, muitas vezes, provinda de ciúme.

Infelizmente esse fato aumenta uma vantagem entre os homens, para horror das feministas: não são só eles que levam a figura de Bicho-papão para a casa.

Por esse lado, é mais provável que cheguemos à conclusão de que sentimento independe de tudo: você pode ser “homo, hétero”, se dar muito bem ou muito mal com seu parceiro, ou parceira; você pode ser homem, mulher, não interessa. A atitude está na mente, e não entre as pernas.

Creio que esse fator acabe com essa bobagem de que mulher é frágil, não é frágil: é mal treinada.

É a velha e tradicional história: quando nasce um garoto, mal o pobre sabe falar, mas já sabe lutar; quando nasce uma garota, mal fala, já lhe dão uma boneca, um monte de panelas... e ainda dizem que é instinto! Já ouvi isso! Que é instinto uma menina gostar de boneca e um menino de armas.

Não é instinto, é falta de opção que a criança tem. Troque os brinquedos e eles brincarão da mesma forma. Ah, mas trocar os brinquedos não pode, é coisa de menina ou coisa de menino, talvez eles virem alienígenas se os brinquedos forem trocados. Talvez seja pecado...
Não adianta, o tempo passa, diz-se que as coisas se modernizam e continuamos levando o estereótipo de sexo frágil, delicadas, sensíveis... talvez se fôssemos delicadas, frágeis, sensíveis, algumas de nós não maltratariam suas parceiras, entenderiam mais sua própria raça, tratariam suas esposas, namoradas como gostariam de ser tratadas: com amor, com entendimento, coisas tão criticadas quando se trata da falta de compreensão, respeito e entendimento da parte do sexo masculino.

Não estou defendendo os homens, de forma alguma, só estou percebendo cada vez mais, nesses meus 28 anos de caminhada, nesses meus pequenos cinco anos como jornalista, que o que os sábios, os mais velhos me falaram têm sempre mais sentido: seu caráter e suas atitudes independem do seu sexo, do mundo em que vive, da cor do seu cabelo ou da roupa que você usa.
Por isso, vejo e acredito que ciúme em relacionamento não tem opção sexual, nem raça, estilo, nada; ciúme é ciúme, só tem grau: uns mais, outros menos.



Jorgeli Ramos Cruz







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