quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Idade como inimiga




Há algum tempo, fui fazer uma inscrição num veículo famoso e encontrei-me barrada por causa de um detalhe: idade.
Eram aceitas inscrições para pessoas com até 25 anos.
Independente dos argumentos do veículo ou de qualquer outra coisa pensei no seguinte: eu sou jornalista, não modelo ou jogador de futebol. Não preciso ter idade para disputar uma vaga, ainda mais se minha imagem não for mostrada, porém, meus textos.
“Presume-se” que quanto mais velho for o profissional, mais conhecimento ele tem. Bom, só se for presumível nos quintos dos infernos, não no Brasil.
Se ainda se tratasse de imagem, de necessidades por pessoas de boas aparências, tudo bem, mas textos...
E o que acontece em seguida: você lê um bando de “criancinhas” escrevendo baboseiras, com uma péssima revisão, uma falta de profissionalismo desigual, mas ali, no topo.
A velha história que aprendi na escola de que devemos sempre ser o melhor, tornou-se lenda. Ou foi mentira mesmo e eu, muito ingênua, acreditei.
Os melhores profissionais que conheci e que estudaram comigo nem atuam em nossa área.
Vejo sim, um bando de filhinho de papai, ou a menininha que dá para o chefe –desculpe o termo, mas é isso aí- ou o menininho que dá para a chefe.
Na mínima porcentagem dos que conseguem, é encontrado a mínima porcentagem dos que conquistam seu lugar ao sol, à base da dignidade...
...e olhe lá; que não fiquem espertos estes pouquíssimos, que suas cabeças rolam, antes que saibam de onde veio o golpe.
E vamos nessa com a palhaçada do meu querido país: os bons estão passando fome, mudando de profissão, os maus, estão no topo.
Os velhos experientes jogados ao esquecimento e os novinhos em folha, belos robôs humanos.
Vai ver que sempre foi assim, vai quer que o ser humano fica velho e vai descobrindo o quão era bobo, ingênuo, abestalhado.
Durante um tempo eu sonhei em trabalhar num veículo –tv- justamente por causa disso: havia um bando de jovem que mal sabia falar. A interpretação era péssima, se confundia o tempo inteiro e depois de dois anos, até que dava para o gasto.
A primeira vez que vi um desses jovens, pensei: “nossa, eu tenho capacidade de trabalhar lá, sou melhor que ele; qualquer coisa é melhor que ele, então, eu consigo”. Tentei, mas não dei para ninguém, nem era amiga de amigo de amigo.
Era uma fábrica de lixo humano que se reciclava. Mas os assuntos eram interessantes, agora, nem os assuntos prendem mais.
A “fábrica”, como tudo no mundo, se vendeu e os assuntos também estão um lixo- anos atrás ainda tinha coisa boa.
Parece que este é mesmo o segredo do sucesso: ser lixo, não precisa ter inteligência, tem que ter futilidade. Ah, e ser novo também. Vinte e cinco anos pelo jeito é o limite. Naqueles pouquinhos anos atrás, eu ainda estava no limite.

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