quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Corpos Mortos

Eram tardes confusas em minha solidão.
Eram seus olhos perdidos desbravando um mundo de nada.
Era seu riso preciso machucando o coração duma alma insana, estranha, desbravado.
Meu corpo pedia por sua alma inteira.
Meu corpo pedia por sua vida migalhada.
Meu corpo era toda vida despedida de um mundo negro,
vívido, frio e tenso dentro da madrugada.
Era seu hálito suspirando em minha boca
que desejava sua língua, sua vida, seu sangue turvo.
Era a noite em cantos longes, atitudes esplendidas da dor que a mim concedeu desde o primeiro beijo.
De toda trajetória que vivi sozinha,
de toda historia que construí um dia,
de todo seu gozo que fiz em nossos dias,
crescia-me o tormento de nossa solidão.
Eram os olhos brandos,
o sorriso cândido
da ingenuidade infeliz de outrora.
Corpos insanos, sofrimentos languidos,
por seu labirinto a mim concedido,
como se concede a um infeliz maldito o cárcere eterno
de seu amor macabro.

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